Figuras do Sporting:Fernando Mendes
Fernando Mendes nasceu no interior beirão, mas
aos 10 anos veio para Lisboa com os seus pais, e desde muito cedo se começou a
destacar pela sua habilidade para o futebol. Esteve à beira de ir para o
Benfica, mas acabou por ser desviado para o Sporting, por um dos seus irmãos
mais velhos, que jogava nos juniores dos Leões, e foi assim que entrou para os
principiantes em 1953.
A 10 de Fevereiro 1957 estreou-se na primeira
categoria frente ao Atlético, em jogo a contar para o Campeonato, e na época
seguinte conquistou o seu primeiro título, embora ainda jogasse pouco.
Foi a partir da época de 1958/59 quando a equipa
sofreu uma grande renovação, que conquistou um lugar em definitivo no
meio-campo leonino, onde se destacou como um jogador de boa técnica, mas
principalmente pela sua inesgotável disponibilidade física e grande
combatividade, para além do seu inquestionável espírito de liderança, que o
levou à condição de capitão de equipa após a retirada de Travassos, numa altura
em que tinha apenas 22 anos.
Na temporada de 1961/62 voltou a ser campeão, e
na época seguinte pagou caro o atrevimento de ter contestado uma multa aplicada
pela Direcção aos jogadores, e acabou por ser suspenso até ao fim da temporada,
em conjunto com Mário Lino, o que o impediu de participar na conquista da Taça
de Portugal de 1963.
Regressou em grande no começo da época seguinte,
em que foi juntamente com Carvalho, um dos totalistas na histórica campanha que
levou o Sporting à conquista da Taça das Taças de 1964, que teve a honra de
levantar como capitão de equipa.
Nessa altura já era um indiscutível na Selecção
Nacional, onde totalizou 21 internacionalizações, a última das quais seria
fatal para ele, quando no dia 25 de Abril de 1965, num jogo disputado em
Bratislava, frente à Checoslováquia, sofreu uma entrada violenta que o lesionou
gravemente num joelho, arruinando-lhe a carreira quando tinha apenas 27 anos, e
impedindo-o de jogar na fase final do Mundial de 1966, em que Portugal terminou
no 3º lugar, embora tenha feito parte da comitiva, por insistência de Otto
Glória, como reconhecimento da sua importância no grupo.
Depois de ser operado e de uma longa e penosa
recuperação, ainda tentou voltar, mas nunca mais foi o mesmo jogador, acabando
por abandonar o Sporting com apenas 30 anos, para jogar mais uma época no
Atlético.
Foi então para o estrangeiro onde esteve entre
1969 e 1973, primeiro na África do Sul como jogador-treinador do Lusitano de
Joanesburgo, experiência que repetiria nos Estados Unidos ao serviço dos Boston
Astros.
De volta a Portugal iniciou a sua carreira de
treinador em pequenos clubes, até que em 1975 regressou ao Sporting para ser
adjunto de Juca e mais tarde orientar os juniores.
Em Novembro de 1979 foi chamado para assumir o
comando técnico da equipa principal do Sporting, substituindo o Professor
Rodrigues Dias, e aquilo que era aparentemente uma solução temporária,
revelou-se num enorme êxito, pois Fernando Mendes construiu uma grande equipa,
alicerçada num meio-campo à sua imagem e numa defesa muito forte, deixando o
resto à conta dos virtuosos Jordão e Manuel Fernandes, e levando o Sporting à
conquista desse Campeonato.
Em 1980 foi distinguido como Prémio Stromp na
categoria Técnico, mas em Dezembro desse mesmo ano foi destituído do comando da
equipa, na sequência de um inicio de época desastroso. Passou então pelo
Marítimo, Belenenses, onde iniciou a temporada de 1983/84, contribuindo assim
para a conquista do título da 2ª Divisão, Farense e Trofense, antes de
regressar a casa em 1987, para ser adjunto de Keith Burkinshaw.
Daí para a frente desempenhou diversas funções no
Departamento de Futebol do Sporting, quer na área da formação, quer no futebol
profissional, tendo sido novamente chamado ao comando da equipa principal em
situações de emergência, nas temporadas de 1995/96 e 2000/01, nunca virando a
cara ao seu Sporting, onde era uma figura carismática e muito respeitada.
Faleceu a 31 de Março de 2016 com 78 anos de
idade, vítima de doença prolongada.
No dia 1 de Julho de 2016 foi distinguido com o
prémio Leões Honoris Sporting, na categoria Honra Saudade.
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