Figuras do Sporting: Júlio de Araújo
Júlio de Araújo foi admitido como
sócio do Sporting a 5 de Novembro de 1910. Foi um desportista ecléctico, tendo
praticado modalidades como Hóquei em Campo, Atletismo, Ténis, Natação, Râguebi
e Futebol, onde foi capitão da equipa de 3ª Categoria do Sporting.
Como dirigente começou por fazer
parte das gerências de Queirós dos Santos, regressando à Direcção em 6 de
Novembro de 1920 como vogal, funções que desempenhou nas Direcções de Mário
Pistacchini e Soares Júnior, e apesar de só ter chegado à Presidência em 1922,
a verdade é que desde 1920 que o seu dinamismo se fazia sentir de uma forma
determinante na vida do Clube, tendo começado por elaborar o “Programa de
Trabalhos” onde se reformou as leis e os hábitos vigentes.
Aproveitando uma ideia de José
Serrano e Mendes Leal, Júlio de Araújo criou o Boletim do Sporting, que tanto
contribuiu para o desenvolvimento e engrandecimento do Clube, e cujo primeiro
nº foi lançado em 31 de Março de 1922. Foi Presidente do Sporting em dois
períodos diferentes: o primeiro entre 16 de Julho de 1922 e 21 de Julho de
1923, e o segundo entre 14 de Agosto de 1924 e 19 de Fevereiro de 1925.
Durante este período o Sporting
passou de cerca de 300 sócios para mais de 3000, graças aos seus métodos de
captação de novos associados, enquanto as filiais se iam espalhando pelo País.
No futebol, sob a sua Presidência
o Sporting sagrou-se Campeão de Portugal pela primeira vez, e ganhou dois
Campeonatos de Lisboa.
Criou o Posto Náutico por
sugestão de António Soares Júnior e, o Sporting tornou-se quase imbatível na
natação, tal como acontecia no atletismo.
Criou também o Conselho Técnico,
intensificado a formação de técnicos e dirigentes, tendo presidido a esse
órgão.
Antecipou a necessidade do Clube
dispor de novas instalações, prevendo a degradação da "Estância de
Madeira", o que se viria a confirmar e a criar graves problemas ao
Sporting. Assim criou o Agrupamento Leonino onde foi desenhado um ante-projecto
de futuras instalações em parceria com Marciano Severo e João de Korth, que no
entanto não se viriam a concretizar, mas que lhe custariam alguns problemas na
condição de tesoureiro da terceira Comissão Administrativa liderada por Sanches
Navarro.
Esse facto e a doença que o
assolou, fizeram com que se afastasse do Sporting, tendo o Clube entrado então
num período de grande crise financeira, desportiva e até de identidade, ao qual
não será estranha a falta que fez ao Sporting um homem dinâmico e visionário
como ele, apesar das polémicas em que se envolveu.
Foi também destacado dirigente da
Associação de Futebol de Lisboa e em 1927 tornou-se Presidente do Império, numa
altura em que este clube adoptou a denominação de Palhavã.
A primeira menção a uma História
do Sporting aparece no Boletim do Sporting de 10 de Junho de 1926, feita por
Júlio de Araújo. Foi num artigo intitulado "Fundação do Sporting Clube de
Portugal", que acabava com a menção "Do livro em preparação: História
do S.C.P. - Subsídios para a História do Desporto em Portugal". Júlio de
Araújo disse muitos anos depois que tinha sido Francisco Gavazzo quem lhe tinha
pedido que escrevesse a história do Sporting dos primeiros tempos desde o
Belas. No início dos anos 1960 Júlio de Araújo relançou a ideia. Essa foi a
génese do livro História e Vida do Sporting Clube de Portugal, que viria a ser
escrito por Eduardo de Azevedo e publicado em fascículos a partir de 1967.
Na década de 30 radicou-se no
Brasil, mas apesar da distância, continuou a viver intensamente o Sporting
Clube de Portugal, do qual era o sócio nº 19, quando faleceu a 4 de fevereiro
de 1977, no Rio de Janeiro. A sua urna foi coberta com a bandeira do Sporting,
e passou a ser patrono perpétuo da Tertúlia Sportinguista do Rio de Janeiro. O
último fascículo do livro História e Vida do Sporting Clube de Portugal tinha
acabado de ser publicado, e Júlio de Araújo partiu deste mundo com o seu sonho,
idealizado meio século antes, realizado.
Júlio de Araújo recebeu várias
distinções com destaque para: Sócio Benemérito em 1923; Prémio Stromp Dedicação
do Ano, em 1967; Leão de Ouro com Palma em 1968.
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