0s 41 anos da medalha de Carlos Lopes em Montreal
A prata de Carlos Lopes nos Jogos de Montreal, a 26 de Julho
de 1976 fez despertar uma crença nova entre os portugueses: a de que, afinal,
também podíamos ganhar. Cenário: o Estádio Olímpico de Montreal. A prova era a
final dos 10 mil metros. Escreveu David Wallechinsky no seu "The Complete
Book of Olympics":"A final foi uma corrida relativamente simples.
Carlos Lopes tomou a dianteira após os primeiros 3200 metros e de forma natural
livrou-se da restante concorrência, exceto de Lasse Viren, que o ultrapassou a
450 metros da meta e ganhou facilmente com 30 metros de avanço". Mas a
verdade, também, é que esta corrida foi muito mais do que Carlos Lopes a puxar
e Lasse Viren a ganhar. Esta foi a corrida em que, pela primeira vez, o
atletismo português ganhou uma medalha olímpica.
Até aos Jogos de Montreal, Portugal tinha ganho apenas sete
medalhas em Jogos Olímpicos: três em provas por equipas no hipismo, uma também
por equipas na esgrima e outras três em duplas na vela. Cinco bronzes e duas
pratas. Mas desde a prata dos irmãos Quina, na vela, nos Jogos de Roma, em
1960, que os portugueses não sabiam o que era ganhar uma medalha. Em Montreal,
o feitiço foi quebrado, logo na primeira semana, quando Armando Marques ganhou
a prata no tiro com armas de caça - a primeira medalha ganha por um português
numa prova individual. Uma semana depois, Carlos Lopes, sagrado nesse ano
campeão do mundo de corta-mato, partiu para a final dos 10 000 metros, como
principal oponente do campeão olímpico de Munique 1972, o finlandês Lasse
Viren, usava métodos proibidos, como as transfusões de sangue, que na época não
se detetavam, e que hoje são completamente ilegais.
Aquela medalha abriu mentalidades e provou que os
portugueses tinham condições para lutar de igual para igual com os outros e que
também podiam ganhar medalhas. E Moniz Pereira foi o primeiro a recusar o
sentimento de inferioridade que parecia existir no País, nesses tempos. Desde
essa medalha fundadora de 1976, o atletismo português ganhou mais nove em Jogos
Olímpicos, incluindo as únicas quatro de ouro do desporto português: Carlos
Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nélson Évora (2008).
No balanço final incluem-se ainda mais uma de prata de Francis Obikwelu (2004)
e outras quatro de bronze: António Leitão (1984), Rosa Mota (1984), Fernanda
Ribeiro (2000) e Rui Silva (2004).
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