4 de Setembro de 1986: Morte de Otto Glória
Neto de portugueses, Otto Glória jogou futebol no Vasco da
Gama, no Olaria e no Botafogo, ao mesmo tempo que estudava Ciências e Direito,
tendo chegado mesmo aos últimos anos da Faculdade.
Tinha apenas 25 anos de idade quando abandonou a prática do
futebol, para iniciar a sua longa carreira de treinador, orientando as equipas
jovens do Vasco da Gama, onde pouco depois passou a ser o adjunto de Flávio
Costa, a quem sucederia no comando da equipa principal, em 1951.
Mas o seu primeiro grande êxito foi conquistado no Botafogo,
quando em 1948 foi Campeão Carioca, tinha ele na altura apenas 31 anos de
idade.
Chegou a Portugal em 1954 para treinar o Benfica, e
tornou-se numa das maiores figuras do futebol português, que revolucionou,
introduzindo novos métodos de trabalho e o verdadeiro profissionalismo, com
todas as suas exigências, sem esquecer as inovações tácticas, nomeadamente o
4x2x4 que veio substituir o até aí predominante WM.
Pode-se dizer que Otto Glória foi fundamental para o fim da
hegemonia do Sporting, que tinha ganho sete campeonatos nas oito épocas
anteriores à sua chegada ao Benfica, onde o seu sucesso foi imediato,
conquistando dois campeonatos e três Taças de Portugal, e lançando as sementes
de uma grande equipa.
Depois de cinco temporadas no Benfica, foi para o Belenenses
onde ganhou uma Taça de Portugal, até que em Abril de 1961 transitou para o
Sporting, acabando por se demitir em Setembro do mesmo ano, na sequência de
algumas críticas dos dirigentes, de que não gostou, quando o Campeonato que o
Sporting viria a ganhar, estava ainda a começar, deixando a equipa nas mãos de
Juca, o seu adjunto. Foi nessa altura que proferiu outra célebre frase: “Sem
ovos não se fazem omeletes”
Após uma passagem por França onde conseguiu subir de divisão
o Marselha, regressou ao Brasil, mas pouco tempo depois voltou a Portugal para
orientar o FC Porto, onde ficou à porta do sucesso, obtendo dois segundos
lugares no Campeonato, e uma presença na Final da Taça de Portugal.
Na época de 1965/66 regressou ao Sporting para se sagrar
Campeão Nacional, novamente a trabalhar em conjunto com Juca, ao mesmo tempo
que desempenhava as funções de treinador de campo na Selecção de Portugal que
ficou no 3º lugar do Mundial de Inglaterra.
Como consequência dessa brilhante temporada, foi contratado
pelo Atlético de Madrid para onde foi ganhar muito mais do que o Sporting lhe
oferecia, deixando Alvalade novamente agastado com os dirigentes leoninos, e
afirmando: ”No Sporting, nunca mais!”
Regressou ao Benfica em Abril de 1968, para orientar a
equipa na Final da Taça dos Campeões Europeus e ganhar mais dois Campeonatos e
uma Taça de Portugal, até ser despedido em Fevereiro de 1970, o que o levou a
ter uma das suas famosa tiradas afirmando: “Quando o time ganha o técnico é
bestial. Quando o time perde, o técnico é uma besta”
Regressou então ao Brasil para orientar o Grémio de Porto
Alegre, e depois a Portuguesa de Desportos, onde conquistou o Campeonato
Paulista em 1973. Posteriormente esteve no Santos e no Vasco da Gama, passando
também pelo México.
Em 1980 tornou-se no Seleccionador da Nigéria, conquistando
a CAN desse ano, e dois anos depois voltou à Selecção de Portugal, iniciando a
campanha que levou os "Patrícios" à fase final do Europeu de 1984,
mas uma derrota por 5-0 em Moscovo frente à URSS, motivou o seu despedimento,
sendo então substituído por uma comissão técnica que levou a nossa Selecção às meias-finais
dessa competição.
Regressou então ao Brasil onde ainda treinou outra vez o Vasco
da Gama, vindo a falecer a 4 de Setembro de 1986, com 69 anos de idade.
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