Alvalade XXI:14 anos
Uma das traves mestras do chamado
"Projecto Roquete" foi a construção de um estádio de última geração
para substituir o velhinho e degradado Estádio José Alvalade.
Mas mais do que um estádio, a ideia
passava por construir um verdadeiro Complexo desportivo e comercial, que
pagasse e sustentasse toda a obra.
O Complexo Alvalade XXI inclui:
Edifício Visconde de Alvalade
Estádio José Alvalade que por
imposição estatutária se continua a chamar José Alvalade (Art. 4 dos
Estatutos), e que conta com 50.076 lugares, todos sentados e cobertos
Edifício Multidesportivo
Centro Comercial Alvaláxia
Clínica Médica
Health Club
Centro de Dia
Mundo Sporting, o novo museu do
Clube.
Loja Verde, a loja do Clube.
A ideia de construir um novo Estádio
surgiu pouco após a tomada de posse do presidente Santana Lopes, iniciando uma
grande transformação no Clube. Foram duas as principais razões que levaram a
optar por construir um novo Estádio: o velhinho Estádio José Alvalade
encontrava-se num estado de degradação tal que não era possível a sua
recuperação e o conceito de estádio, que era o conceito dos estádios que se
tinham feito naquela época, estava definitivamente ultrapassado. Assim, o novo
Estádio devia ser muito mais do que apenas um recinto de futebol - devia ser
uma infraestrutura com um conjunto de características que torna o futebol
apenas parte da animação que se passa dentro do estádio.
Para o projecto de construção do novo
Estádio contou-se com a colaboração dos construtores que tinham acompanhado o
Arena - de relembrar que na altura o Estádio de Amesterdão era a fórmula mais
recente e apelativa de construção daquele género. Tudo isto foi feito 2 anos
antes da decisão que atribuiu a Portugal a organização do Europeu de 2004.
Nessa altura, o projecto do Sporting já estava substancialmente avançado. O
projecto foi primeiro apresentado na Assembleia Geral de 12 de Maio de 1999.
O projecto, desenhado pelo conhecido
arquitecto Tomás Taveira, foi condicionado pelo tipo de imagem e conceito do
Arena de Amesterdão, porém, possuía características únicas, inspiradas na época
dos Descobrimentos: os mastros de sustentação fazem lembrar os mastros das naus
portuguesas (aliás, inicialmente os mastros eram muito mais altos e imponentes
mas foram reduzidos devido a condicionantes em termos de controlo do espaço
aéreo); os tirantes eram as velas e a cobertura representava uma onda.
A construção do Alvalade XXI
iniciou-se a 16 de Janeiro de 2001 em terrenos do Clube integrados no perímetro
do actual Estádio José Alvalade, onde funcionavam os campos de treino. O custo
do estádio propriamente dito foi calculado em 85 milhões de euros, valor que
atingiria os 125 milhões de euros com os edifícios adjacentes - zona comercial
e de lazer, piscinas, centro poli-desportivo e sede do Sporting.
O Alvalade XXI foi construído em
sistema de project finance montado através da utilização de capitais próprios
do Clube, financiamento bancário e acordos com o Estado Português (apoio
proporcionado no âmbito da organização do Euro 2004) e Câmara Municipal de
Lisboa (renovação das vias de acesso).
No desporto são premiados os que
vencem, os que chegam em primeiro. Tal não aconteceu na construção do novo
Estádio José Alvalade, tendo o Clube sofrido uma penalização de 6 128 913€. A
história é simples. O Sporting iniciou o projecto de engenharia em 1999, lançou
o concurso da principal empreitada a 6 de Outubro de 2000, consignou os
trabalhos a 15 de Janeiro de 2001 e a obra começou logo no dia seguinte.
O projecto, como não podia deixar de
ser, cumpria todas as exigências máximas de segurança estabelecidas pela FIFA e
pela UEFA. Porém, a 7 de Junho de 2001, quase seis meses depois do arranque das
obras do novo estádio, o Instituto Nacional do Desporto criou uma nova
legislação que regulamentava condições técnicas e de segurança mais apertadas
do que as das instâncias internacionais do futebol. Consequências? O Sporting
foi obrigado a fazer alterações no projecto, levando a um atraso de 4 a 5 meses
na empreitada inicial de execução da estrutura do estádio; reformulação dos
projectos de execução; custos adicionais de construção resultantes do aumento
significativo das dimensões dos acessos horizontais e verticais; redução do
número de lugares inicialmente previsto; exposição do Sporting a pedidos de
indemnização de empreiteiros...
Todos os outros estádios de raiz
integrados do Europeu de 2004 iniciaram-se após a publicação da nova
legislação. Moral da história: em Portugal, ser pioneiro dá direito a
penalização.
Distribuição de Lugares:
Bancada Inferior - 24.242
Bancada Superior - 21.970
Lugares de Camarote - 1.512
Lugares VIP e Business - 1.968
Lugares de Tribuna - 130
Lugares para Deficientes Motores - 50
Lugares de Imprensa - 204
Capacidade Total - 50.076
Movimentos de terra: o enorme volume
de terras escavado e transportado, cerca de 400 fretes de camião por dia, foi
efectuado por forma a possibilitar a utilização do antigo Estádio José Alvalade
com o mínimo de restrições.
Meios mecânicos dados os enormes
volumes de betão em causa, optou-se por instalar na obra uma central de fabrico
de betão pronto com uma capacidade de cerca de 80 m3/hora. Para a movimentação
de todos os materiais de forma rápida foi necessário dotar a obra de 13 gruas
torre de grande alcance e capacidade e cerca de 6 gruas automóvel com
capacidades desde as 50 toneladas às 500 toneladas de capacidade bruta. Não
fossem as restrições resultantes do controlo do espaço aéreo e ainda se teriam
montado mais gruas e mais altas.
Ricardo Taveira foi o autor dos
azulejos que decoram o Estádio, um material inédito da construção de recintos
desportivos. No entanto, a ideia partiu do arquitecto Tomás Taveira.
Foram utilizadas como referência os
símbolos do Sporting e as suas cores base. Os diversos padrões de azulejos,
criados com o auxílio informático, levaram a uma utilização de elementos
artísticos diferenciados em detrimento de elementos monotonamente iguais.
A principal vantagem na utilização
dos azulejos é a não efemerização, como acontece com o reboco, por exemplo.
Para além disso, a cerâmica tem um valor visual muitíssimo mais importante.
A ideia de um novo estádio foi sempre
bem acolhida pelos sócios e adeptos do Sporting, apesar do afecto pelo velhinho
estádio, palco de grandes conquistas. Esta adesão transformou-se em entusiasmo
quando o Sporting lançou no início de 2002 a venda dos chamados Lugares
Especiais, uma forma de corresponder ao interesse manifestado pelo novo estádio
e, ao mesmo tempo, de contribuir para o financiamento da construção.
Os Lugares Especiais representam um
vínculo histórico ao Clube. Os titulares asseguram o direito de preferência do
seu lugar durante 20 anos para todos os espectáculos e um conjunto de regalias
que lhe estão associadas. A aquisição dos Lugares Especiais - os melhores do
Estádio - foi estabelecida em função da assinatura de um contrato com o Clube,
a Assinatura de Leão, a que correspondeu o pagamento inicial de verbas entre os
500€ e os 5000€, consoante a localização dos lugares e as regalias associadas.
O sucesso foi imediato: o Sporting
vendeu cerca de 90% dos lugares, de um total de 7800, em menos de oito meses.
Este sucesso levou a que o Sporting disponibilizasse mais três sectores, num
total de cerca de 740 novos lugares.
A preparação para a cerimónia de
inauguração começou dias antes. No dia 22 de Julho de 2003, o Sporting já testava
a luz, o som e os painéis electrónicos do novo Estádio. As balizas já estavam
instaladas, bem como as marcações no tapete verde.
Chegou então o dia pelo qual todos
estavam à espera, o dia 6 de Agosto de 2003. A abertura das portas estava
marcada para as 18h30, mas os sportinguistas começaram a chegar bem mais cedo,
ainda antes da hora do almoço. Assim que as portas se abriram, logo as bancadas
se encheram de sportinguistas. À hora marcada, 20h45, iniciou-se o espectáculo.
A presença de cortinas em volta do recinto, nas quais se projectou a grandeza
do Sporting, mantiveram o mistério sobre a globalidade do cenário até ao último
momento.
"O Amor Há-de Vencer",
interpretado por Dulce Pontes, uma vez caídas as cortinas e inaugurado o
Estádio por um gesto do presidente da República Jorge Sampaio, foi uma das
imagens mais marcantes daquela memorável noite. Foi possível acompanhar ainda a
recriação do emblema do Clube por centenas de figurantes na zona central do
relvado e, finalmente, a entrada dos jogadores em campo, apresentados um a um,
para grande regozijo de todos os sportinguistas.
O capitão Pedro Barbosa foi o
primeiro a pisar o relvado. O saudoso Jesus Correia deu o pontapé de saída e
coube a Silva iniciar o jogo depois do primeiro apito do árbitro Duarte Gomes.
Vinte e cinco minutos depois, Luís Filipe marcou o primeiro golo da vida do
novo Estádio, batendo Barthez a passe de Rui Jorge.
O Manchester United não teve
argumentos para o Sporting, numa noite em que se fez história. João Pinto foi
uma das figuras da noite, ao apontar mais dois golos (61 e 80 m). O Manchester
só conseguiu reduzir o marcador através de um autogolo de Hugo Vieira aos 87
minutos.
O jovem Cristiano Ronaldo realizou
uma grande exibição, ao ponto de convencer logo ali os responsáveis pelo clube
inglês a pagarem os 15 milhões € constantes na sua cláusula de rescisão.
A nível desportivo, o novo Estádio
José Alvalade recebeu logo a 24 de Setembro de 2003 o primeiro jogo das
competições europeias, com vitória leonina por 2-0 sobre o Malmoe. O novo
recinto foi também palco de vários jogos do Europeu de 2004 e recebeu a Final
da Taça UEFA de 2005, na qual o Sporting foi um dos finalistas, tendo perdido
por 3 - 1 com o CSKA de Moscovo.
Aproveitando a multiplicidade de
eventos que se podem realizar no Estádio, este já foi palco de grandes eventos,
como os concertos dos U2 e Rolling Stones, bem como o Sarau da Ginástica do
Sporting.
No dia 27 de Julho de 2009, o
Sporting imortalizou Vítor Damas, atribuindo à baliza sul do Estádio José
Alvalade o nome do guarda-redes que mais vezes representou o Clube.
Dia 2 de Maio de 2010, antes de
começar o primeiro jogo do Sporting após o falecimento de Morais, o canto
direito da baliza sul do Estádio José Alvalade (a baliza Vítor Damas),
tornou-se o Cantinho do Morais em Alvalade.
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